terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Erice

A vila (não estou certo do qualificativo) de Erice foi, na minha curta existência - penso poder dizê-lo - um dos lugares mais bonitos onde já estive.
Valendo fundamentalmente pelas suas espantosas landscape (chega-se a avistar África), Erice é um vilória simpática no cume de um grande monte.
Lá de cima vemos uma imensidão assustadora de montanhas, mar, ilhas, casas. Quase como que num avião. Quando lá estive, o nevoeiro que persistia acrescentava um certo espiritualismo ao azul, verde e castanho que se espraia defronte dos nossos minúsculos olhos.
Penso em Erice e penso em muita coisa... interrogações, medos... alguns sorrisos também. Não estava num momento particularmente positivo. A vista que tinha à minha frente, de tão poderosa que era, creio ter engolido algumas das coisas más que me passavam pela cabeça. Aliás, isso é uma das coisas que nos últimos tempos tenho aprendido. Espantarmo-nos e apreciarmos algo (uma paisagem, um fenómeno, um ser,...) brutal da Natureza é um antídoto para pensamentos depressivos. Porque, pela sua força e beleza, pela ligação umbilical que com ela temos, nos impede de alienar do lugar onde vivemos. Dá mais sentido a esse mesmo lugar e à nossa existência nele mesmo. Não sei se me fiz entender da melhor forma - aliás, acho que nem eu me fiz entender bem a mim próprio quanto a esta experiência...
Em poucas palavras: este sítio ganhou um sentido muito especial na minha vida...













3 comentários:

Anónimo disse...

No filme "O Lado Selvagem", Chris McCandless, interpretado por Emile Hirsh, cita uma magnífica frase de Primo Levi que o teu texto sobre Erice me recordou:
"...the sea's only gifts are harsh blows and, occasionally, the chance to feel strong. Now, I don't know much about the sea, but I do know that that's the way it is here. And I also know how important it is in life not necessarily to be strong but to feel strong, to measure yourself at least once, to find yourself at least once in the most ancient of human conditions, facing the blind deaf stone alone, with nothing to help you but your hands and your own head..."
A paisagem nas fotos é fabulosa. Compreendo o teu sentimento.
Fizeste-te entender muito bem!

Francisco disse...

Porra, o excerto tocou-me profundamente.... Traduz muito do que pensei na altura... Estou emocionado...
Foi bom teres-te lembrado...

Inês disse...

Revi-me no post, pitufo. Fizeste-te entender, sim. E mesmo que nao tivesses conseguido, acho que as fotos falariam por ti.