sexta-feira, 27 de março de 2009

Azul,

uma vez mais, pensei eu enquanto davas novamente à costa.
Onde estiveste? Naufragaste? Antes tivesses naufragado e voltasses agora para empreender uma nova navegação. O mal é esse. É não saber em que águas andaste, que sal engoliste, que sustos te fizeram pensar. É não saber se houve tempestade e depois bonança ou apenas meia dúzia de ondas indiferentemente turbulentas que não viraram a navegação mas tão-só a balancearam.
Que naufragaste; que regelaste de tão fria era a água que te martirizava a carne; que morrias com o oceano nas goelas. Era isso que queria ouvir: a bonança depois da tempestade. O novo dia depois da tormenta. As ondas vagarosas e douradas pelo sol e o barco partido, desfeito. Abandonado, de vez.

Em terra, de vez. Ó tu!

1 comentário:

Anónimo disse...

Este texto "Azul" está simplesmente lindo..... Foi uma das coisas que mais gostei de ler... quando o li não pude deixar de dizer isto...

Adorei mesmo :)

Independentemente do que signifique, o facto de me parecer indecifrável torna-o ainda mais espectacular aos meus olhos..
:)