segunda-feira, 21 de abril de 2014

Crítica - "5-30"



Como tinha prometido há uns dias, a minha crítica ao álbum dos 5-30 (com título homónimo) foi agora publicada, podendo ser lida aqui ao lado (clicar). Como sempre acontece nestas coisas, já depois de ter o texto pronto, apanhei um sem-número de pormenores deliciosos avulsos ao longo do álbum de que não me tinha apercebido nas - e foram muitas, mesmo assim! - audições anteriores. É o que acontece com os versos do Sam the Kid na "Placas", uns por serem autênticos blocos de pedra que só o tempo ajuda a partir (i.e., versos sobrepostos em que a a métrica, a dicção e a fonética são a tal ponto trabalhadas e sofisticadas que só audições várias e atentas permitem decifrar, em pleno, o texto), outros por serem, digamos, e passe o palavrão, "intra-diegéticos"/auto-referenciais [a um deles faço referência no texto: «(...) e, sobretudo, de “Dou-lhe Com A Alma” (1995) e “3º Capítulo” (1997), este último o tal “álbum da palma” (conferir respectiva artwork) para o qual Sam the Kid diz ter gravado por já então lhe dar “com a alma”, passagem genial (apetece dizer: “intra-diegética”) que se ouve em «Placas», uma das melhores faixas de “5-30″»].

Bom, fica o convite: à música e à crítica (aqui).


No lançamento do recente “G I R L” (2014), Pharrell Williams justificou, repetidamente, a importância do álbum para o rebate da “misoginia” que muitos lhes apontaram pelo vídeo («Blurred Lines») em que, acompanhado de Robin Thicke e T.I., cortejava as maminhas de umas quantas giraças (como se isso fosse algo de novo para esta malta, mas adiante). Os 5-30, num caminho diferente, foram bem mais honestos: como já disseram em entrevistas, este é um álbum de “homens” e não de meninos, pelo que aqui as coisas são ditas como elas são, sem paninhos quentes ou moralismos de conveniência. Isso não faz de 5-30 um álbum misógino, mas sim um álbum que, “chamando os bois pelos nomes”, olha as coisas de frente e fala com verdade (aquela verdade que talvez só o hip-hop, na sua oralidade instantânea e esmagadora, alcança) sobre o que os olhos vêem: drogas, mulheres, homens, dinheiro, amor, sexo, vícios (como muito acertadamente já referiu Carlão em entrevista, em «Pitas Querem Guito», por exemplo, o homem fica tão mal na fotografia como a mulher).

(Excerto)

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