quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

I WISH I HAD SOMEONE ELSE'S FACE #1: Um gelado acima das nossas possibilidades



Iniciei ontem uma crónica pessoal no À pala de Walsh, intitulada I WISH I HAD SOMEONE ELSE'S FACE, cuja inspiração vai beber a um filme do Lubitsch. O que pretendo com esta rubrica está no texto e, por isso, não vou maçar ninguém repetindo-me; digo apenas que, neste primeiro número, escrevo em torno da Marion Cotillard e do Dois dias, Uma Noite (2014) dos Dardenne, filme que me fugiu na altura em que estreou mas que vi recentemente no Cineclube do Porto. Uma obra-prima, provavelmente. Espero que gostem e me façam companhia nas próximas faces.
 
Para ler aqui (clicar).
 
Ele olha, então, também para o fora de campo, e ali ficam os dois, absortos, suspensos no tempo e no espaço, a olhar o pássaro que nós, espectadores, não vemos nunca, só ouvimos. Sandra quer sair do campo (o cinematográfico e o da sua vida) para o fora de campo (enquanto espaço alternativo, desconhecido, por isso de liberdade). Sandra quer ser um pássaro para poder sair de si, do seu corpo-“gaiola” (ela é o seu corpo e as suas circunstâncias): viver a vida como um pássaro, despreocupadamente, sem pensar se no próximo mês vai conseguir pôr pão na boca dos filhos, pagar os livros da escola, ter dinheiro para o passe do autocarro que a leva à fábrica. Não pensar, não contabilizar, não poupar, não desesperar, não sofrer. Ignorar, ser ignorante, absolutamente.  Voar dali para fora, desaparecer nos céus, subir a toda a altitude, sobrevoar a cidade e avistar os problemas dos homens como ninharias na bigger picture que é o mundo.
 
[Excerto]

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