segunda-feira, 23 de maio de 2016

Crítica - "Views" (2016)

 
 
Foi publicado o meu ensaio/crítica sobre Views, o novo álbum de Drake, que acaba por ser, também, o relato da minha experiência pessoal de rejeição inicial e posterior paixão com a sua música. Drake é, provavelmente, o mais mal-amado dos artistas da actualidade (sobretudo num certo campo mais ortodoxo do hip-hop) e, embora o rapaz não precisa de quem o defenda (longe disso), eu dou-lhe um back up de camaradagem.
 
 
 
"(...) a par dessa heresia de cantar abundantemente, veja-se como, à semelhança da revolução feminista que mulheres como Beyoncé ou Nicki Minaj empreenderam na pop e no hip-hop (assumindo que é absolutamente legítimo a um mulher dizer, por exemplo, que quer ir para a cama com quem que lhe apetecer, tanto como a um homem é, sem que isso fira a sua dignidade), Drake virou totalmente “upside down” (...) o estereótipo do rapper macho e durão ao interpretar letras nas quais surge frequentemente como o homem rejeitado, trocado, traído, enfim, o tipo na mó de baixo a quem não chega ter muito dinheiro para recuperar um amor definitivamente perdido – letras que, pela sua sensibilidade transversal, puxaram também o público feminino para si como poucos rappers o conseguiram fazer. Se isto não é revolucionário no hip-hop e na noção de masculinidade em geral, então não sei o que revolucionário quererá dizer. Drake, no seu desmesurado egocentrismo, é uma persona artística complexa e paradoxal, a um só tempo raw e lamechas, rude e sensível, gabarolas e poético".
 
[Excerto]

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